Numa pequena cidade industrial inglesa, seis operários desempregados decidem montar um show de strip-tease para mulheres, buscando conseguir algum dinheiro. Comédia dramática que aborda o drama de desempregados que buscam um novo sentido de vida e de trabalho. Os operários desempregados, ao se assumirem como stripers, passam a dar um novo sentido ao corpo, objeto de predação rígida das imposições fordistas-tayloristas. A dança, ao ritmo da dance music, tal como em Flash Dance, parece ser um mote para flexibilizar a corporalidade viva, adequando-a as novas imposições toyotistas, da subjetividade flexível, disposta a acompanhar os novos ritmos da produção capitalista. Ao se despirem, os operários desempregados representam um renascimento interior para um novo estilo de vida. O título original, Full Monty, significa literalmente “pelados”: os ex-operários desempregados estão não apenas literalmente nus de corpo, mas despidos de perspectivas existenciais. Mesmo se soltando, adequando-se aos novos tempos pós-fordistas, eles estão tão rigidos quanto antes – parecem continuar desempregados. Estão inempregáveis no muno do capital. Apesar da humor, a situação de Full Monty é de tragédia social. Mesmo após o show de stripers, permanece o vazio de perspectivas de trabalho. Na verdade, sob o toyotismo, o corpo é parte da subjetividade “capturada”. A nova lógica da organização capitalista “aproxima” corpo e mente, buscando “liberar” suas disposições participativas. O trabalhador assalariado deve ser tão flexível em seu corpo, quanto em suas habilidades cognitivo-comportamentais. Entretanto, a rigidez do capital, nesse caso, não deixa de ser ineliminável. Eles continuam desempregados, incapazes de uma vida plena de sentido.